Equipe técnica da CDHU abordou etapas já concluídas do Plano e promoveu o debate de resultados e propostas com representantes das prefeituras e da sociedade civil
Na manhã desta segunda-feira (20), em Vinhedo, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH), por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), realizou um encontro técnico com representantes dos municípios das regiões Metropolitanas de Campinas, Mogiana e Bragantina. O objetivo foi apresentar diretrizes do Plano Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (PDUH 2040), que está em construção. A reunião presencial foi conduzida pelo assessor especial de Planejamento da SDUH, Eduardo Trani, e pela diretora de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da CDHU, Maria Cláudia Pereira, como parte de uma série de encontros que nortearão as próximas etapas do Plano.
Trani destacou o pioneirismo do Estado de São Paulo na formulação de políticas públicas que integram desenvolvimento urbano e habitação. "Estamos elaborando o primeiro Plano Estadual que vai além da Habitação de Interesse Social. Ele contempla o Desenvolvimento Urbano como um todo e será um instrumento poderoso para integrar políticas públicas a partir de indicadores econômicos e sociais. Discutimos como nossas cidades se desenvolvem e quais caminhos queremos seguir até 2040, com base em projeções e investimentos planejados", afirmou.
Maria Cláudia Pereira também ressaltou o caráter inovador do PDUH 2040 e as iniciativas da gestão estadual para consolidar políticas públicas de longo prazo. "Esse Plano é inovador justamente por integrar políticas de desenvolvimento urbano regional com a de habitação. Não se pode discutir melhorias habitacionais sem considerar o território onde essas ações ocorrerão e os problemas específicos de cada cidade — neste caso, da região de Campinas. Embora tenha atenção especial às regiões metropolitanas, o documento contempla todo o Estado", explicou.
O PDUH 2040 orientará políticas públicas e investimentos em São Paulo nos próximos 15 anos, com foco em três eixos: Urbanismo e Habitação Social, Infraestrutura e Mobilidade, e Meio Ambiente e Mudança do Clima. Sua metodologia está alinhada ao Estatuto da Metrópole, aos Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUIs) e às metas da Nova Agenda Urbana e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Desde 2023, a SDUH tem conduzido o processo de elaboração do Plano com oficinas internas, setoriais e encontros regionais no âmbito do Circuito ONU-Habitat. No primeiro semestre de 2025, foram apresentados seis Cadernos Temáticos com diagnósticos interligados sobre o Estado, que servem como base técnica para o PDUH 2040.
Atualmente, os esforços estão concentrados nos encontros técnicos regionais, que visam debater propostas e colher contribuições das diferentes regiões. O encontro em Vinhedo foi o oitavo promovido pela SDUH e tem como objetivo subsidiar a elaboração dos nove Cadernos Regionais, que trarão diagnósticos específicos, desafios e oportunidades por região, com recortes para Regiões Metropolitanas e Aglomerações Urbanas.
Síntese Regional
Após a abertura, a diretora de Planejamento da CDHU apresentou a caracterização da região, com dados e informações estratégicas para embasar a discussão das 27 propostas, distribuídas em quatro eixos temáticos. "É uma região extremamente relevante e dinâmica, mas também com grandes desafios. Apresentamos dados regionais comparados com as médias do Estado", afirmou Maria Cláudia.
A região de Campinas, com 85 municípios e cerca de 6,8 milhões de habitantes, representa 19,5% do PIB paulista (2021), destacando-se por sua economia diversificada, com polos de tecnologia, bioenergia, logística e serviços. A área inclui três Regiões Metropolitanas: Campinas (RMC), Piracicaba (RMP) e Jundiaí (RMJ).
A análise destacou o crescimento urbano expressivo, com aumento de 156% da área urbanizada — o terceiro maior do Estado —, impulsionado pela expansão ao longo de rodovias como Fernão Dias (BR-381), Anhanguera (SP-330), Bandeirantes (SP-348) e Dom Pedro I (SP-065). Também foi ressaltada a importância do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, o maior hub de importações do país, que responde por um terço da carga aérea movimentada no Brasil, apesar da carência de infraestrutura e serviços de apoio.
O esvaziamento dos centros urbanos, especialmente na cidade de Campinas, foi apontado como um dos principais desafios. Mônica Rossi, superintendente de Planejamento e Operações da CDHU, reforçou a importância de soluções integradas: "Nosso Estado é como um país. Trocar experiências entre cidades não é apenas compartilhar contatos, mas também instrumentos legais e políticas públicas que podem fazer a diferença, como leis de fomento às áreas centrais", afirmou.
No campo da habitação, a região Metropolitana de Campinas apresenta um elevado percentual de municípios com déficit habitacional acima da média estadual. A RMC concentra o terceiro maior volume de déficit no Estado, correspondendo a 5,8% do total.
Em relação à segurança hídrica, a região enfrenta desafios como baixos índices de cobertura vegetal em Áreas de Preservação Permanente (APPs) hídricas, alta vulnerabilidade de aquíferos e pressão sobre mananciais, além de reduzida vegetação nativa.