Imóvel escolhido pelo casal tem mais de 60 m², divididos em dois quartos, sala, cozinha e área de serviço
A mudança de vida almejada por Letícia Michele Gama Silva, de 24 anos, e seu namorado, Wilker Kene, de 37, finalmente teve início nesta terça-feira (04/11). O casal se mudou definitivamente da Favela do Moinho, no centro da capital, para um apartamento na Vila Heliópolis, na zona sudeste, e agora poderá desfrutar de melhores condições de moradia, com mais segurança, dignidade e estrutura para o desenvolvimento familiar.
O casal morou no Moinho por oito anos, mas, devido à precariedade da área, tinha planos de adquirir um imóvel fora da favela. “Quando a gente foi para lá, o plano era ficar por um tempo e, futuramente, se mudar. Era um futuro distante, mas a gente já queria sair, não queríamos ficar lá para sempre”, conta a vendedora.
Com o plano de reassentamento estruturado e operacionalizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), a saída — antes inviável pelas condições financeiras da família — se tornou possível. O apartamento escolhido pelo casal tem mais de 60 m², divididos em dois quartos, sala, cozinha e área de serviço. Além disso, o condomínio, localizado em uma área próxima a comércios, equipamentos públicos e à rede de transporte coletivo, conta com portaria 24 horas, mercado, bicicletário, salão de festas e playground — estrutura antes inexistente para a família.
Durante o período em que viveu na comunidade, o casal enfrentou uma realidade precária, em um local sem condições mínimas de infraestrutura. “Era péssimo para transitar quando chovia. Do início da minha casa até o final da favela, porque eu morava no fundo, era um lamaçal eterno. E quando não chovia, eram a areia e a terra, muito complicado”, relata Letícia.
Outra situação que também preocupava eram os constantes incêndios. “Eu presenciei alguns incêndios menores e sempre tive receio de acontecer na minha casa — seria péssimo”, explica. A antiga residência do casal ficava às margens da linha de trem, o que tornava o dia a dia ainda mais difícil, com o barulho das composições e o som alto dos vizinhos.
Agora, em uma nova moradia, a família planeja um recomeço, longe de uma realidade insalubre e insegura. “É um sentimento de vida nova, de recomeço, sair de um local que, em algumas situações, não era bom, para começar uma vida nova”, descreve Letícia, logo após entrar em seu novo lar.
Cerca de 79% dos moradores já deixaram o Moinho
Até o momento, 670 famílias já se mudaram da Favela do Moinho, o que representa cerca de 79% das mais de 830 que aderiram voluntariamente ao plano de reassentamento estruturado pela CDHU, que busca levar dignidade e segurança à população que vive sob risco elevado e em condições insalubres. Ao todo, 777 famílias já selecionaram a unidade de destino.
O atendimento às famílias ocorre de duas formas. Na primeira, elas podem optar por apartamentos oferecidos em um leque de 25 empreendimentos, em diferentes estágios: prontos, em construção ou com obras a iniciar. Já a segunda alternativa permite que busquem imóveis por conta própria, em qualquer região do estado, desde que atendam aos parâmetros do programa. Em ambas as possibilidades, as moradias devem custar até R$ 250 mil, a depender da localização.
Os imóveis não terão custo para quem possui renda mensal de até R$ 4,7 mil, de acordo com a parceria firmada entre o Governo do Estado e o Ministério das Cidades em maio. Quem optar por uma moradia ainda não concluída recebe um caução inicial de R$ 2,4 mil e, a partir do mês seguinte, um auxílio-moradia de R$ 1,2 mil. A medida também se estende a moradores que assinaram o contrato antes de a parceria ser formalizada. Atualmente, aguarda-se o início da operação da Caixa Econômica Federal, que atuará de forma complementar aos atendimentos realizados pelo Estado.